As transformações no mundo do trabalho impulsionadas pelo avanço das tecnologias digitais configuram um dos grandes desafios contemporâneos do campo da Comunicação. O discurso da “inovação” e da “flexibilidade”, promovido pelas plataformas, mascara a precarização de vínculos, a falta de proteção social e a intensificação do controle sobre trabalhadoras e trabalhadores. A plataformização do trabalho não apenas modifica o modo como se produz conteúdo, mas redefine profundamente as condições de existência de quem o produz.

Em meio ao intenso processo de digitalização e de financeirização experimentado pela sociedade contemporânea,

o trabalho intelectual dos profissionais da Comunicação se viu refém da lógica freelancer, obrigando-nos a disputar espaços em plataformas que remuneram mal, exigem alta disponibilidade, promovem a lógica da concorrência

e esvaziam a noção de direitos trabalhistas. A suposta autonomia do trabalhador resulta, na verdade, na autogestão da própria precariedade, sob constante vigilância algorítmica e pressão por desempenho.

Compreender esse fenômeno contemporâneo nos exige um olhar crítico sobre as relações entre trabalho, tecnologia e temporalidades. Nesse sentido, o Intercom Nordeste 2025 convida os congressistas a debaterem o tema “Temporalidades, Tecnologia e Trabalho: Desafios da Comunicação no Nordeste Digital”. Nesses três dias de evento – 24, 25 e 26 de junho –, teremos a oportunidade de refletir sobre essa e outras questões pertinentes à Comunicação por meio de mesa de abertura, dos grupos de trabalho (GTs), de oficinas e workshops, além, claro, do tão esperado prêmio Expocom.